Na Líbia, o último dos ditadores alucinados afirma-se disposto a destruir o próprio País para não largar o poder, depois de ter visto o embaixador líbio na ONU votar, pela primeira vez na história da organização, uma resolução que repudia a conduta do próprio País que representa.
No Irão, uma manifestação convocada para comemorar o que sucedeu há umas semanas no Cairo redundou em centenas de prisões, blackout mediático total e relatos de repressão violenta de uma oposição que vem já, na sua forma actual, de Junho de 2009, e que conta já com largas centenas de mártires, entre presos e mortos.
Nos EUA, o conflito entre o governador do Wisconsin, republicano da ala mais conservadora do partido, e os sindicatos do sector público do seu estado ameaça marcar o futuro dos EUA, transpondo para o nível estatal o forrobodó federal de privatização e saque ao Estado que foi o consulado de George W. Bush (e a opinião não é só minha, é também a de um prémio Nobel).
Em Portugal a dúvida não é se o Governo vai cair, é quando isso acontecerá, não é se podemos fazer alguma coisa para evitar a entrada do FMI, mas apenas saber a data exacta em que se consuma a passagem do "bom aluno" dos tempos da ilusão cavaquista para o rapaz que não prestava atenção nas aulas e foi remetido para o canto da sala com as orelhas de burro.
Tudo isto está a acontecer neste momento. Todos estes exemplos são de temas que afectam, em maior ou menor medida, o nosso futuro. No entanto, se hoje consultarmos a imprensa, as redes sociais e toda as outras formas de conversação que a nossa sociedade tem, qual será o tema mais falado? Os vestidos dos Oscars.
Acho que não é coincidência que o tema de conversa seja algo que se passou enquanto a maioria do País dormia. Deve ser a força do hábito. De tanto passarmos a vida a dormir enquanto acontecem as coisas que devíamos discutir, algum dia haveríamos de acabar por fazer o inverso, e falar do que nos aconteceu enquanto dormíamos.
No comments:
Post a Comment